Quando George Plimpton em 1958
perguntou a Ernest Hemingway: consegue se lembrar do momento em que
decidiu se tornar escritor?, a resposta foi curta e incisiva: não, eu sempre
quis ser escritor.
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Eu li a entrevista na íntegra em
meados de 2008 já com o intuito de me preparar para o trabalho de conclusão
do meu curso de graduação e não pude evitar aquele momento de devaneio e
perguntei a mim mesma quando foi que eu decidi que seria escritora.
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Eu não era nada, tinha a
pretensão, é verdade (por causa de muitos fragmentos de escrita encerrados em
uma gaveta), mas não era nada e foi essa resposta de E.H. que me cutucou e
fui buscar na memória quando é que essa coisa de escrever começou a fazer
cócegas em meu subconsciente.
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Corria o ano de 1969, a aula era
de redação, o homem se preparava para pisar na lua e o Brasil vivia entre a
Jovem Guarda e o Tropicalismo (Caetano e Gil estavam no exílio); o país
mergulhava no período mais tenebroso da ditadura militar e grande parte da
população enfrentava o desafio de viver com um salário mínimo, cerca de 39
dólares à época. Nesse cenário o professor de português nos pediu que
fizéssemos uma redação com o sugestivo título "Alguém chamado salário
mínimo". Inventar tal história não era difícil para mim, pois minha
família era uma das tais que precisavam rebolar para por comida à mesa todos
os dias, pois o dinheiro que entrava não era suficiente nem para a primeira
semana do mês. Então eu escrevi a tal redação e o professor ficou encantado.
Leu minha narrativa em voz alta mais de uma vez e encheu os pulmões ao dizer
para turma 'vocês têm aqui na sala de aula uma futura escritora'.
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Pois não é que eu acreditei
naquele frase e meti na cabeça que eu seria escritora naquele exato momento?
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Ok, muitos anos se passaram e com
a maturidade a ideia não vingou muito, mas no meio do caminho eu conheci
um sujeito chamado Ernest Hemingway, cuja obra me reacendeu a chama e me
convenceu que o professor tinha razão, pulsava nas minhas veias o amor
pela escrita e não era tarde para eu começar ou recomeçar a colocar no papel
minhas ideias que se tornariam estórias e histórias.
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Tudo isso para lhes contar que
lançarei no próximo dia 20 de maio, na Livraria Arte e Letra meu segundo
título "Simplesmente Maria" pela editora Multifoco ( o primeiro é o
infantil Gabriela e a Tela Amarela, editora Scortecci).
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segunda-feira, 15 de maio de 2017
Ser Escritor
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