segunda-feira, 15 de maio de 2017

Ser Escritor


Quando George Plimpton em 1958 perguntou a Ernest Hemingway:  consegue se lembrar do momento em que decidiu se tornar escritor?, a resposta foi curta e incisiva: não, eu sempre quis ser escritor.
Eu li a entrevista na íntegra em meados de 2008 já com o intuito de me preparar para o trabalho de conclusão do meu curso de graduação e não pude evitar aquele momento de devaneio e perguntei a mim mesma quando foi que eu decidi que seria escritora.
Eu não era nada, tinha a pretensão, é verdade (por causa de muitos fragmentos de escrita encerrados em uma gaveta), mas não era nada e foi essa resposta de E.H. que me cutucou e fui buscar na memória quando é que essa coisa de escrever começou a fazer cócegas em meu subconsciente.
Corria o ano de 1969, a aula era de redação, o homem se preparava para pisar na lua e o Brasil vivia entre a Jovem Guarda e o  Tropicalismo (Caetano e Gil estavam no exílio); o país mergulhava no período mais tenebroso da ditadura militar e grande parte da população enfrentava o desafio de viver com um salário mínimo, cerca de 39 dólares à época. Nesse cenário o professor de português nos pediu que fizéssemos uma redação com o sugestivo título "Alguém chamado salário mínimo". Inventar tal história não era difícil para mim, pois minha família era uma das tais que precisavam rebolar para por comida à mesa todos os dias, pois o dinheiro que entrava não era suficiente nem para a primeira semana do mês. Então eu escrevi a tal redação e o professor ficou encantado. Leu minha narrativa em voz alta mais de uma vez e encheu os pulmões ao dizer para turma 'vocês têm aqui na sala de aula uma futura escritora'.
Pois não é que eu acreditei naquele frase e meti na cabeça que eu seria escritora naquele exato momento?
Ok, muitos anos se passaram e com a maturidade a ideia não vingou muito, mas no meio do caminho eu conheci um sujeito chamado Ernest Hemingway, cuja obra me reacendeu a chama e me convenceu que o professor tinha razão, pulsava nas minhas veias o amor pela escrita e não era tarde para eu começar ou recomeçar a colocar no papel minhas ideias que se tornariam estórias e histórias.
Tudo isso para lhes contar que lançarei no próximo dia 20 de maio, na Livraria Arte e Letra meu segundo título "Simplesmente Maria" pela editora Multifoco ( o primeiro é o infantil Gabriela e a Tela Amarela, editora Scortecci).



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